segunda-feira, 19 de abril de 2010

Para pensar e refletir IV

"Há uma espécie de conforto na auto-condenação. Quando nos condenamos, pensamos que ninguém mais tem o direito de o fazer."

Oscar Wilde

quarta-feira, 29 de julho de 2009

E o vento? Oh, o vento.

Sou o que?
Pipa verde voante,
Plaina no céu,
A mão, oh, a mão!
Concreta invisível,
Um puxão, opa!
Uma cambalhota no ar,
e lá se vai outra paixão.

E o vento?
Vento não há.

Onde estou?
Nuvem brilhante
Risca o céu ligeira, arredia,
E o vento que sopra, sopa!
Mas já não é dia,
E de novo se some, no horizonte,
Outro lugar, outro nome.

E o vento?
Vento não há.


Vento que voa,
Sonoro, cantante.
Me responda, oh vento maneador:
Pra onde vais, tão apressado?
Uiva de angústia,
Por um destino desregrado?

Vento que esvoaça,
Frio, cortante.
O que fizeste para a pipa?
Pipa verde voante,
Para onde levaste, a nuvem brilhante?

Oh vento que maneia,
O destino que semeia.
Não sabes para onde vais,
Não sabes porque vais,
E assim como nós,
Tantos de nós.

sábado, 9 de maio de 2009

Humanidade (2)

Existem momentos em que tudo se perde, existem momentos onde nada faz sentido e você tem certeza de que tudo é vão e gratuito.

A existência é vã e efêmera, e tudo o que você conhece é dor e sofrimento. Você não entende onde o principio de evolução se encaixa, nem espiritual nem biologicamente. Talvez apenas o bilógico faça sentido. É, talvez esse faça sentido. Os mais fortes vencem. Os mais fortes são aqueles que conseguem resistir por mais tempo a dor. Vence quem for capaz de se adaptar as circunstâncias para viver. Aquele que for capaz de ignorar a dor ou transformá-la em potência para sobreviver.

Sobreviver, é nisso que se resume a existência.
Sobreviver, é nisso que se resume a existência?

No turbilhão da vida, você avança. Você está entorpecido, mas você ainda sente, e isso é uma premissa absolutamente contraditória e que faz absolutamente todo o sentido.

Então você sabe que há algo de errado. Não porque as coisas estão erradas, mas porque o que é errado começa a parecer certo, embora você continue odiando e amaldiçoando tudo quanto for errado.

Leis universais? Leis da existência? Leis humanas?

Você, que é um humanista, que não consegue ser um humanitário.

Tudo é vão e gratuito.

Você sofre, você sente dor, você persiste, você empunha seu estandarte de coragem e orgulho, mas eles são falhos e não representam nada, nem mesmo para você.

Pequenos valores burgueses, pequenas palavras humanas.

Palavras serão sempre palavras e sentimentos serão sempre sentimentos

E talvez você continue sofrendo. E talvez você continue existindo.

Tudo é vão e gratuito.

Por um instante fugaz como a eternidade, você sabe disso. Você sabe que tem de ir embora, que tem de descansar. E você sabe que não pode ser assim.

Você quer que tudo não seja vão e gratuito.

Para você a vida não é assim.

Embora todos insistam em te mostrar o contrário. E você os contradiz. Você adora ser do contra, desde pequeno. Contradizendo a tudo, com sua lógica indubitável, mas falha, por vezes. Faz parte da existência.

Você suspira. E leva as mãos a cabeça.

Nada faz sentido. Quisera que um dia fizesse. Quisera que um dia faça.

sábado, 28 de fevereiro de 2009

Humanidade (Special Edition): Bio

Bio e a estrada.

Estavam em um momento de sinergia.

Bio e sua moto.

Eram um só.

Bio e o sol batendo em seu rosto.

O tornava vivo.

Bio e o seu cabelo ao vento.

Ele estava livre.

Naquele dia, Bio não seria encontrado. Naquele despertar, sua família não o encontraria em sua cama. Naquela manhã, seu chefe não encontraria Bio na sua mesa em seu trabalho. Naquela noite seus colegas não o encontrariam na sala do curso. Naquele sábado, seus amigos não encontrariam Bio para tomar aquela cerveja depois do futebol.

Bio e sua liberdade.

Daquele dia em diante Bio não seria mais encontrado.

Bio corria livre.

Porque Bio havia se libertado. Porque Bio havia há muito se cansado de tudo. Porque Bio havia se cansado de todas aquelas pessoas mediocres e de seus rituais mediocres e de suas idéias mediocres e de seus valores mediocres e de seus ideais de vida mediocres.

Bio rompera as correntes.

E ele demorara para fazer isso. Bio demorara mais do que seu espirito poderia suportar, mas suportou porque sempre fora um espirito livre. Mas seu corpo estava preso, imobilizado, estacado ao chão, a um peso tão grande quanto sua vontade de correr livre. Seu espírito era livre. Seu corpo também precisava ser.

Bio e seu amor.

Bio compreendia isso. Sim, Bio compreendia muito mais do que qualquer uma das pessoas podia compreender. E era bobagem tentar explicar.

Bio sem fronteiras.

E naquela manhã ele decidira se libertar. Naquela manhã ele decidira deixar para trás tudo quanto não lhe fizesse bem. Naquela manhã ele abriu mão de uma boa vida, para libertar sua vida. Naquela manhã ele saiu de seu mundo, para ganhar o mundo.

Naquela manhã ele saira sem rumo, sem direção, para encontrar a si mesmo. Naquela manhã, Bio estava livre.

Bio e seu cabelo ao vento.

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Humanidade (1)

E as pessoas dizem: Ah, mas eu sou assim!

(para justificar)

E as pessoas justificam: Bom ou mal, sou o que sou!

(e geralmente por mal)

E as pessoas se desculpam: Desculpe, mas sou assim e não posso mudar!

(e isso é muito conveniente)

O que elas não sabem é que são o que pensam ser, o que querem ser.
Ninguém é sem ser.

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Hipócritas.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

As vezes, ser bom, não é o bastante.

As vezes, ser bom, não é o bastante.
As vezes, ser correto, ser honesto, franco, integro, não é o suficiente. As vezes, fazer o bem, zelar pelas pessoas que ama, não basta.

Estará então errada, a pessoa que desejar realmente ser boa?
Por que, embora todos falem sobre como o mundo seria melhor com pessoas boas e corretas, por que, quando elas existem, elas nunca conseguem fazer o suficiente?

As vezes, ser bom, não é o bastante.

Pessoas, humanas, demasiadamente humanas. Insensatas, sempre querendo mais de todos para si. Egoístas. Sempre olhando para seus próprios umbigos de amor-próprio.
Mas pode o bom, a pessoa de bem, estar errada?
Teria, ela, que ser diferente, ser má, descer as profundezas do inferno, para viver neste mundo?

As vezes, ser bom, não é o bastante.

Algumas pessoas estão erradas. Aquelas que, embora achem o contrário, não possuem valores. Aquelas que dizem, que bradam, que esperam um mundo bom, que desejam pessoas boas ao seu redor. Mas que agem diferente em suas vidas, sempre procurando pelas pessoas erradas, pelos que mentem, que ludibriam, que disseminam o mal, que destroem a tudo e que fazem a todos sofrer.

Sim, porque o ser humano tem algo de masoquista. Parece adorar sofrer. É envolvido por uma volúpia mágica de prazer quando sofre, quando encontra algo ou alguém que o faça sofrer.

Mas também estas pessoas, têm algo de sádicas pois sentem prazer com o sofrimento, com a negação e a destruição do belo, do bom.

E assim, forma-se uma cadeia de eventos, um efeito dominó que destrói a face boa da humanidade.

Por que deveria você ser bom se tudo que lhe aguarda é o sofrimento?

Por que eu deveria ser bom se tudo que me aguarda é o sofrimento?

...

Porque talvez não possamos ser diferentes do que somos.

Porque eu acredito no bem. Porque eu acredito que possamos ser bons. Porque eu acredito que possamos fazer o bem uns aos outros. Porque eu acredito que possa fazer alguém feliz. Verdadeiramente.

Mas às vezes ser bom parece não ser o bastante.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Lugares, olhares, vida




As vezes é muito dificil viver neste mundo.

Você já se perguntou como é dificil viver em um mundo que não é seu?
Passar a vida em um lugar que não é o seu lugar?
Estar constantemente fora de sua órbita?
Ser como um gigante em um mundo de vidro, ou uma formiga no caminho do estouro de uma boiada?

Mas essa realidade, esse mundo a nossa volta, está errada. Existe algo terrivelmente errado em tudo isso.
Bastaria-nos aprender a viver nele então. Fechar os olhos, e seguir em frente.
Aguentar calado cada pancada que levarmos e simplesmente seguir em frente.
Talvez berrar, aqui ou ali, reclamar, xingar, mas manter os olhos fechados e seguir em frente.
Sempre por instinto. Nunca por razão.

Mas ainda estariamos no lugar errado. Ainda estariamos orbitando fora de nosso mundo.
Estariamos nos matando por dentro, afogando nossas esperanças e sufocando nossas almas.

Então eu me nego.
Mas eu não vou lutar por nada. Não vou lutar por tudo.

Você também deveria fazer isso.

O tempo passa e nós cansamos. E nos cansamos.

A solução? A saída? O refúgio?
Não descobri. Não sei se um dia descobrirei.

Mas seguiremos. Cansados, sim. Mas de olhos bem abertos.